segunda-feira, 28 de setembro de 2015

450 Anos e a Lama de 1985

Temos o que comemorar?

Fim de semana passou.
Foto da Internet - autoria desconhecida
Segunda é dia de contabilizar...

Mortos, feridos, chocados, medrosos, alegres ou esperançosos são os cariocas enfrentando o início da Primavera de calor escaldante.

Pensando bem, até que a coisa poderia ter sido pior!

Primavera, calor, Rock in Rio, arrastões, justiceiros, eclipse lunar, Cosme e Damião. Tudo ao mesmo tempo!

De fato, a Lua de Sangue nem foi tão sangrenta na Cidade Maravilhosa.
Com o céu encoberto e chuvas - nem tão esperadas - o carioca nem se atreveu a olhar para o alto e observar o fenômeno.

Melhor olhar para os lados, ter certeza que não há um mar de gente vindo na sua direção, ou um "menino" pronto para arrancar o que você tiver no pescoço, mãos ou bolsos.
Melhor se travestir de crítico musical e analisar tecnicamente cada detalhe das apresentações do palcos do Rock in Rio - da telinha da TV, é claro!

O debate sobre a política de segurança carioca, as dissertações (repletas de razões puramente pessoais) acerca da maioridade penal e a batalha filosófica com toques de sociologia, política, direitos humanos, desigualdades econômico-sociais-raciais ficaram nos posts da semana passada.

Acaloradas discussões e depoimentos assustadores de terror nas ruas (do fim de semana de "verão fora de época") foram silenciadas pela velocidade do mundo dito virtual - afinal, muita coisa aconteceu desde então!

Dólar batendo recordes históricos, crise política, Papa Pop viajando entre nações historicamente inimigas,  A Lama de 1985...

Estamos de volta ao verdadeiro assunto da semana: 30 anos de Rock in Rio e 450 da Cidade Maravilhosa! Os shows aconteceram, o trânsito ficou caótico (no início), o transporte público caro ou ruim, a água estava quente, a cerveja acabou e o lixo se acumulou. Nenhuma novidade,

Ah, o Procon agiu para que os bem-nascidos que puderam pagar os ingressos do festival não desmaiassem desidratados, enquanto suas garrafas de água, protetores solares e repelentes eram sistematicamente destampados (ou descartados) - tudo, por medida de segurança, claro!

Vipões, Vipinhos e peladões-na-varanda-de-hotel se esforçaram para cumprir seu honroso papel de dar algum tempero para os dias morninhos. A imprensa, livre-leve-e-solta deu o acabamento para tornar tudo mais interessante do que parecia ser in loco,

Com uma nova etapa inciando, resta o questionamento: Resistimos a mais uma semana, mas o que virá na próxima?

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Carioquice de Luto - de novo

Caetaneando o que há de RUIM

Me rendendo ao (péssimo) assunto do momento, num misto de vergonha, revolta e impotência, hoje é mais um dia que as Pedrinhas Portuguesas padecem de tristeza pela dura realidade de uma grande metrópole do século XXI.

Não, não é só na Cidade Maravilhosa que ocorrem cenas de abominável violência e crueldade. 
Sei que não.
O mundo está cheio de atrocidades, absurdos que, de tão comuns, já alcançaram o status de banalidade.
Infelizmente.

Mas nossa cidade (Nosso Lar terreno) é dita Maravilhosa!
Ser Carioca é sinônimo de um estado de espírito alegre, despreocupado e amigo!
É a vida ao ar livre, perto da praia, da lagoa, da montanha...
Havaianas nos pés, mate gelado e biscoito Globo...
Conversa de botequim em pé com amigos de escola, faculdade, trabalho...
Caminhadas pelos calçadões de ondas - marítimas ou musicais - e pedaladas pelos mais belos cartões postais da cidade já foram os programas mais gostosos e democráticos, preferidos de cariocas de todas as partes desse mundo-cão.

Já foram
Já foi
Acabou.
As ruas democraticamente frequentadas por um número incalculável de cariocas - madames, desocupados, adolescentes, profissionais, ambulantes, pedintes, surfistas, entregadores, marombeiros, artistas, pivetes, famosos, idosos, moradores das favelas e das mansões, turistas e tantas outras "classes" ou "categorias" de pessoas e animais - hoje estão repletas de seres apavorados e/ou revoltados.


Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais

Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo tins e bens e tais



E por onde anda o orgulho dos moradores da Cidade Maravilhosa?
Será que somos a Cidade Perigosa?
Cidade dos Homens?
Cidade do Medo?

Minh'alma não mais canta. GRITA!
Clama por socorro, por clemência, piedade.

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde!


segunda-feira, 2 de março de 2015

Comemorar e Resgatar a História

Ah, a Cidade Maravilhosa!


Cantada em verso e prosa
Admirada e enaltecida
Criticada e mal-falada
Alegre e jamais envelhecida
Tão escaldante quanto amada


Celeiro de bambas da Avenida
Berçário de poetas de botequim
Nascedouro de gírias, bordões
Criadouro de tendências, inovações

Braços abertos para todos
Acolhendo e adotando
Cariocas de todas as partes
Cariocas das "gemas" existentes 
De norte a sul do Brasil

São muitas as Pedrinhas Portuguesas
espalhadas pelos cantos e meios
pelos muitos encantos

Do inesquecível Rio de Janeiro
que continua lindo
que continua sendo
O Rio de Janeiro, Fevereiro e Março!
Fica aqui o meu orgulho de ser carioca
E deixo uma pergunta:
Conhecemos mesmo nosso chão de Pedrinhas Portuguesas?









sábado, 21 de fevereiro de 2015

O Tempo e o Vento (Vento?)

E lá se foi o Horário de Verão...
O tempo voou e, sem que me desse conta, recebi a devolução de uma hora de vida.

Eu havia emprestado - sem prévia autorização,aliás - sessenta minutos corridos da minha história a um "banco de horas" do calendário (dito oficial) tupiniquim, tudo em prol da economia de energia para o planeta!

Nossa, como sou importante! Bastou um movimento nos ponteiros do meu reloginho para criar uma economia de sei-lá-quantos bilhões ao meu Brasil brasileiro!

Sinto-me verdadeiramente orgulhosa de tal feito!

Melhor não comentar que os longos dias de verão foram coroados com um calor (literalmente) escaldante, inevitavelmente amenizados por incríveis invenções do mundo moderno - leia-se ventilador e ar condicionado!

Ficaria um tantinho ridículo economizar (energia) esgotando as prateleiras das lojas de tais maravilhas tecnológicas que (só por acaso) triplicam o consumo de energia elétrica.
(pausa)
(rubor)
(culpa)
O fato é que ninguém me consultou previamente sobre o assunto, já que sou uma poderosa entendedora da relação calor-de-rachar X soluções-geladas-para-aquecer-sua-conta-de-luz!
Indubitavelmente, teria explicado aos economistas (que não sabem economizar), analistas financeiros (que só leem números), meteorologistas (senhores do tempo), biólogos (observadores do desastre) as duas faces dessa moeda famosa. Simplesmente explicando que uma face é linda, mas só a outra determina o valor da moeda.
Assim, sorridente, vi meus dias sufocantes de verão ficarem intermináveis, ensolarados e lindos - no frescor do ar condicionado - e com uma hora de crédito para usar numa madrugada fresca (?) - artificialmente gelada, na verdade - do mesmo verão carioca.

E quando de repente, não mais que de repente, recuperei a tal hora emprestada, gastei-a integralmente debaixo do edredom, sob a agradável temperatura de dezessete graus.

Dormir é ótimo no verão! Mas quem paga a conta?



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Pedrinhas Amadas

Revista O Globo de domingo:
Folheando a revista,  me deparei com essa adorável foto de pedrinhas portuguesas carinhosamente decoradas! 

Que alegria!

A arte feita COM as pedrinhas nos calçadões já não é suficiente para os criativos de plantão, para os apaixonados por símbolos, ícones e formas. Agora temos a arte feita NAS pedrinhas portuguesas. Diria até PARA as amadas pedrinhas icônicas! 
Alegria não só pela importância dada a essas maravilhas irregulares ou pela união de cor, forma, letra, símbolo - o que já seria encantador - e também pela prova bem palpável (pisável?) de que a poesia está no céu, no chão, em todo lugar!
A poesia surge onde menos se espera, de onde menos se imagina...
A propósito, isso é a mágica da poesia! Não ter forma, fórmulas para formação!
A repetição pode ser poesia. 
A surpresa pode ser poesia.
O palpável e o imaginável podem ser poesia.
Pedra pode virar poesia!
Aliás, no meio do caminho tinha uma pedra...

domingo, 4 de janeiro de 2015

Pedrinhas Escaldantes

Caminhar sobre as pedrinhas portuguesas na Cidade Maravilhosa tem sido um desafio,
Sim, elas estão mal conservadas - melhor seria dizer abandonadas - perigosas, convidando o incauto transeunte a um tombo sem aviso prévio!

Mas, aqui, agora, refiro-me à temperatura - o assunto do momento!
Aos 40º ou 50º (sabe-se lá...), a tal sensação térmica passa (e muito) dos 50º. Isso, considerando a nossa mais recente companhia, a famosa "margem de erro", brinde da categoria de informações (quase) confiáveis! Fato é que as poéticas pedrinhas devem estar a ponto de derreter...

Derretem nossas Havaianas, nossos pneus (seus, na verdade) e principalmente nossos miolos!
Talvez se esperasse uma espécie de hibernação do carioca nesse início de Verão de praias lotadas até a madrugada.
Talvez fugissem dos metrôs cheios de turistas, estrangeiros, fluminenses...
Talvez se olhasse para calçadões fumegantes e suas ondas, flores e formas, estivessem lá, solitariamente aquecidas.

Mas não no Rio de Janeiro, em pleno janeiro!
O carioca sai do trabalho, tira a gravata e vai pedalar na orla... Ah, mas nesse calor?
Claro! Se quiséssemos sentir frio estaríamos numa estação de esqui, ora bolas!
Basta deixar o calçadão e correr pela areia - de temperatura imensurável, mesmo com a margem de erro - e se lançar no mar geladinho e super colaborativo (leia-se sem ondas), uma piscina natural para refrescar corpo e alma de cariocas de todas as origens.
Importante é seguir as pedrinhas portuguesas, havaianas a postos, boné encaixado, muito bloqueador solar e alegria de viver para testemunhar o por do sol, o brilho da lua, o chopinho gelado e o biscoito Globo.

Fonte: O Globo

Porque quem está no Rio é pra se molhar, ops, pra suar e ser feliz!

E como eu dizia no início, difícil mesmo é encontrar espaço para se movimentar até chegar ao mar tão desejado! Mas, mundialmente conhecido como o espaço mais democrático do planeta, a praia de Copacabana é para todos, qualquer dia, qualquer hora!
Então, não perca tempo, junte-se aos "zilhões" (olha a Margem de Erro aí, gente!) de calorentos e felizes cariocas de alma e vá caminhar sobre as pedras portuguesas mais famosas do Universo! Vá sorrir, suar e reclamar do calor (super bem vindo) do Rio 50º!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

As muitas faces de uma verdade

Fonte: Internet
Se você acha que já viu de tudo, que já aprendeu a "não comprar gato por lebre", pode ir tratando de rever seus (pré) conceitos! Esqueça todas as verdades absolutas, todas as frases feitas (desculpe por tê-las usado aqui - pura licença poética!). Desfaça-se, um a um, dos dogmas orgulhosamente acumulados como medalhas valiosas, expostas em sua parede mental. Jogue tudo fora!


Seus olhos podem enganá-lo em fração de segundo, sem cerimônia, sem dó nem piedade, acredite! Nem tudo é o que parece ser!

Não! Não estou falando de mentiras, disfarces, truques! Nada de máscaras nem efeitos especiais.

Aqui apenas me refiro à vida real. Bem real, aliás...
Yasmin  Foto:Anthoni Santoro
Nada é apenas como parece à primeira vista. É, sim, o que vê, e é, também, muito mais do que você imagina...
Falo de ilusões, das "peças que a realidade nos prega"...

Vivemos acumulando fórmulas, rótulos e teorias - o que chamamos de experiência, sabedoria - coisas daqui e dali, aprendizados preciosos e vivências riquíssimas. Até que um dia...
Um dia a casa cai! (lá estou eu de novo usando as frases feitas, força do hábito)

Chega aquele momento em que você vai se deparar com a verdade pura, nua, crua e, ao mesmo tempo, repleta de vertentes opostas, aparentemente incompatíveis. É a mesma verdade, fracionada em múltiplos pedacinhos autônomos.

Resultado: nosso fantástico cérebro, ou  melhor, nossos 10% utilizáveis, pulam como pipoca, desnorteados.

Ora, as pedras portuguesas são pretas. Também são brancas. Normal!!
Mas e os olhos do Husky Siberiano da foto? São azuis para quem olha por um ângulo e castanhos para quem observa do lado oposto.

A verdade não é uma. Depende dos olhos de quem a vê! Depende do ângulo, da interpretação, do momento.

Enquanto caminhar pelas calçadas de pedrinhas portuguesas (assimétricas e, por isso mesmo, tão lindas e poéticas), pode aproveitar para refletir sobre a verdade da vida...
Um rompimento pode ser como uma morte e, ao mesmo tempo, ser uma grande libertação.
Uma mudança pode ser um transtorno e, por outro lado, uma evolução.
Por essas e outras (muitas outras) que a irregularidade bicolor do calçadão de pedras portuguesas é magicamente inspirador.